domingo, abril 12, 2009

sete de setembro



preferia que fosse um Monza, já que os Monzas vêm com esse aconchego certo de bacias e avôs, mas era um Opala ou algum outro carro comprido.

no veículo indefinido, muso de Monza, botamos nos pés um saco com maçãs, biscoitos e mate, acenamos na despedida para a calçada em movimento e partimos, primeiro deixando a rua, depois o bairro e a via rápida, para logo cairmos no asfalto grande que levaria até a cidade.

fora a pausa para o toilete, tivemos de encostar outras duas vezes porque o carro ameaçava despedaçar de um jeito repentino. era coisa de se temer, me diria você, mas explico que não restava muito medo pra isso. a imagem da cidade ainda longe, como um segredo coberto de fumaça, já ocupava todas as prateleiras reservadas ao pânico.

com alguma sorte, o carro não se partiu, nós emendamos a estrada na marginal e sorrimos ao revirar o mapa entre os novos bairros até achar a rua larga e vazia. era feriado de ano ímpar, nem frio nem quente, e a poeira que comemos não fez mal aos meus cabelos.



* frame do curta C'etait un Rendezvous, de Claude Lelouch, num torrent próximo de você.

2 comentários:

Anônimo disse...

suave assim.. até aos meus fizeram bem!
catá

Fernando Lutterbach disse...

Aquele monza dá saudade...o monza e o dono dele. A esposa do dono do monza também era uma senhora sensacional. Adorei esse texto e essa foto.