plano b

seguir um rastro duplo de rodas marcadas na terra é o jeito mais fácil de chegar. a trilha corta um bosque fechado e úmido, raridade nesse lado do mundo.

todos respiram fundo porque sabem que é preciso aproveitar. do carro, vibramos ao notar um vestígio de lama em volta. estamos a caminho da lagoa.

nem de longe a lagoa me interessa: lodo e galhos no fundo, peixes que beliscam nossas pernas porque somos invasores. enquanto eles se espalham pela água, percorro o terreno, atravesso uma pequena ponte, visito o casebre de madeira do outro lado.

os sorrisos ao sol não me comovem, mas não preciso anunciar. assim tenho tempo de olhar em volta e imaginar o que nos espera, como um jarro de groselha gelada e algumas fitas cassete pra embalar a melhor tarde do oeste. quando voltar aqui, vai ser na sua garupa, babe. a lagoa quieta e silenciosa, nem pegada dessa gente, só nossa.


* imagem de Nicolas Wormull, em cartaz na piscina-galeria