A lacuna de um é o pai, a do outro, o futebol. A saída do terceiro, em Deus, a do quarto, no dinheiro. Para todos, a mesma mãe às voltas com uma pia que segue entupida, como se impedisse de descer pelo ralo vontades impossíveis que infestam a casa. Ao cruzar as histórias dessa família suburbana, Linha de Passe reproduz a pegada tensa de um clássico de futebol com margem para cinco talentos mostrarem cada qual seu trunfo.
Sem o ranço de longas sobre temas parecidos, o novo filme de Walter Salles e Daniela Thomas sintoniza uma fatia enorme e camuflada de São Paulo. Em torno da empregada doméstica Cleuza (que fez de Sandra Corveloni Melhor Atriz de Cannes neste ano) gravitam Reginaldo, que busca entre motoristas de ônibus conexão com o pai desconhecido; Dario, com 18 anos e no limite do sonho de se tornar jogador profissional; Dinho, frentista religioso tentando se livrar de um passado maloqueiro, e o motoboy Dênis, já pai de um filho, mas ainda ansioso por aproveitar seus anos de juventude.
O ritmo desta nova crônica urbana assinada pela dupla de diretores encosta na idéia da popular jogada de futebol que dá nome ao filme. Na linha de passe, cada jogador dá apenas um toque sem firulas e libera a bola para que outro do time continue a evolução do lance. É assim, com uma montagem ligeira e sensível de dilemas em revezamento, que o drama encontra seu tom e sua graça.
* colaboração para o Guia do Estadão
Sem o ranço de longas sobre temas parecidos, o novo filme de Walter Salles e Daniela Thomas sintoniza uma fatia enorme e camuflada de São Paulo. Em torno da empregada doméstica Cleuza (que fez de Sandra Corveloni Melhor Atriz de Cannes neste ano) gravitam Reginaldo, que busca entre motoristas de ônibus conexão com o pai desconhecido; Dario, com 18 anos e no limite do sonho de se tornar jogador profissional; Dinho, frentista religioso tentando se livrar de um passado maloqueiro, e o motoboy Dênis, já pai de um filho, mas ainda ansioso por aproveitar seus anos de juventude.
O ritmo desta nova crônica urbana assinada pela dupla de diretores encosta na idéia da popular jogada de futebol que dá nome ao filme. Na linha de passe, cada jogador dá apenas um toque sem firulas e libera a bola para que outro do time continue a evolução do lance. É assim, com uma montagem ligeira e sensível de dilemas em revezamento, que o drama encontra seu tom e sua graça.
* colaboração para o Guia do Estadão
3 comentários:
estupendo, hermosa, airosa, guapissima!
quero muito ver, o mais rápido possível!
fui assistir inspiradíssima por este texto redondinho! gostei do li e do vi. gracias chica!
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