é um feriado desértico, sem som, sem vento, nem cheiro.
ninguém na rua além dos fios pendendo quietos. e aquela é a vila.
depois do portão, uma fileira estreita de sobrados com a guarita colada ao muro. minha casa é a segunda mais feia, perde só para a primeira à direita, emporcalhada pelo homem que sai pra trabalhar de terno, tentando enganar o mundo.
abro o portãozinho baixo, mas também poderia pular, se preferisse. ainda na sala, alguma coisa me diz em segredo que é um erro, que devo ir embora, que falta ar.
mas a impaciência. mas o carreto sacolejando coisas que não interessam. mas o colchão carregado à unha escada acima.
sessenta e poucos dias pasmados na casa gelada e a salvação é uma gata fugitiva que surge na cozinha: de dupla é mais fácil escapar. a vida cabe na mala, a gata numa caixa de sapatos e tudo num táxi pra qualquer lugar, menos ali.
* imagem de rivane neuenschwander e cao guimarães em: inventário de pequenas mortes (sopro)- mais na piscina-galeria
4 comentários:
Que sensação louca que seu texto me deu nesse momento da vida.
Adorei, Maricota. =)
escrever em minúsculas para evitar hierarquia entre as letras subtrair as vírgulas para minimizar separações e usar ponto final com todo cuidado de modo a espantar conclusões e deixar tudo prestes a.
estamos conectadas!
e-beijo,
nanda
sensacional. belo.
Olha, continuo postando cinco poemas diarios em meu blog, http://lenjob.blogspot.com, mas vim apresentar o meu castelo, http://castelodopoeta.blogspot.com, que é interativo, com poemas de outros poetas, videos, curtas, entrevistas, exposições e etc..., sempre de arte, fotografia, moda (e segunda será postada a entrevista com a booker Sandra Sayão da Ford Models de Minas) e esportes alternativos e queria sua visita lá. Aguardo!
Atenciosamente,
João Lenjob
Os Teus Passos
João Lenjob
Se estais tão triste
Comprometo-me com teus passos
Os sigo sem a auto-piedade
E deixo escorrer em mim as tuas lágrimas
E faço-me a tua ternura
Faço-me o teu destino, teu menino, tua vida
E busco a felicidade e que venha dobrada
Que chegue repleta de sonhos
Que enriqueça cada segundo de esperança.
Se estais tão triste
Interfiro em todos os teus passos
E choro como companheiro
E prometo que jorrará em ti dias melhores
E faço-te nossos momentos
Faço-me a lembrança de uma serpentina, minha menina
E escolho o teu sorriso como recordação
Que aconteça com naturalidade
Que seja enorme como foste para mim, nobre mulher.
Postar um comentário