queda

o jovem louco se abisma por meus 13 anos e me segue pelas ruas montado numa bicicleta; faz tocaia na praça em frente de casa.

nas esquinas, sou acuada pela sombra dos outros ciclistas e posso sentir a presença pesada dele a cada passo. os olhos de louco, um bicho que sorri pra mim e pedala mais rápido sempre que me descobre na cidade.

quero chorar, mas não tenho tempo, preciso correr muito daqueles olhos. caio de tanto correr, me esfolo, não paro, jogo o corpo pra frente enquanto ele me assiste de longe, calmo e perplexo diante dos meus movimentos bruscos.

o louco só não zomba de mim porque nasceu com o coração bom. mas tudo me diz que sua alma se equilibra em corda bamba. e não quero estar lá quando ela cair.