era uma vez uma casa no morro do chapéu, era uma vez nós três meninas.
a casa que depois seria branca e fresca ainda tinha algo de macabro e a primeira coisa que te dava essa impressão era a enorme piscina em forma de 8 vazia e perdida no meio do mato crescido no lugar do ex-jardim.
quem esvaziou a piscina e apagou as últimas luzes nunca soube, mas assassinou um sapo que pulou distraído no que antes era seu mar de água clorada e despencou metro e meio de barriga pra cima no azulejo. ainda tentou se virar durante a madrugada inteira, mas viu nascer quente uma manhã do verão de 88 e fritou, secou todo sob o sol malvado.
da segunda vez que as meninas chamaram pra visitar, a casa já era outra e não existia mais piscina lá. decerto que nem se deram ao trabalho de tirar o cadáver do sapo e desceram um caminhão de terra no buraco, afogando a carcacinha. sem conhecimento do drama daquela morte, não havia dó, nem como amargar culpa, nem nada. havia só um sapo.
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