Bom dia, São Paulo.
São seis e quarenta da manhã, meu deus, mas arranco ânimo e digo: bom dia. Encontro recente, sabe como é, aquele foguinho em desbravar, olhar sem vício, reanimação pelo simples deslocamento. A novidade ainda é o máximo. Empacotada no edredom, não ouso palpitar se lá fora fazem catorze, trinta ou vinte e dois graus, mas o mais certo é que sejam vinte e dois ao me levantar, trinta ao virar o meio-dia e voilá! catorze cravados ali pelas sete da noite. Quase quatro estações num dia só, coisa de cidade megalomaníaca, cismada em ser multitudo até no clima.
Ainda na cama, pergunto pra qualquer entidade perdida se hoje o cinza paira sobre tudo ou se um certo azul pálido ilumina a cidade. Um semi-azul que às vezes quer botar banca de céu aberto, mas que nunca vai ser. Porque azul possível não há. No máximo um azul desmaiadinho, tipo pale blue eyes, que até cai bem na pálida São Paulo eletrizada por milhões de alminhas. Cordão febril em zigue-zague a driblar as horas, seres em série dando cada um sua cambalhota, seu pulo do dia, assim na raça, bem neon.
Alminhas frenéticas que atravessam ruas, estancam nos pontos de ônibus, se engarrafam pelas avenidas, correm pelas plataformas, se atiram catracas adiante. Tropeçadas almas em maratona eterna: o meu bom dia. Muita firmeza nessa hora. Que Santo Expedito conceda o toque da urgência na conquista de um território qualquer nesta terra babilônica. Ou não? Calma aí, calma aí. Também não é assim. Um café de coador, alguma coisa quente que amoleça os nervos dessa gente a sair pelo ladrão, pelos bueiros, buracos todos, frestas, descendo arranha-céus lençol abaixo, pedalando aos solavancos, pisando firme. Muita firmeza.
Um tão-perto-tão-longe entre os que deslizam enlatados pelos trilhos subterrâneos, inevitavelmente encoxados uns aos outros, bafo na nuca e esbarrões, quentchura humana e silêncio. Próximos demais pra tentar qualquer entendimento, muitos dialetos pra arriscar uma prosa. Guetos e sotaques na linha vermelha versus xeno-ironia camuflada na verde-bandeira >> destino madalênico. "Não ultrapasse a linha do sorriso amarelo". Ah, ultrapasso sim. Quero mais é me jogar com muita purpurina e alguma harmonia, seguir um cachorro louco sem rumo, chorar um pouquinho no banho, quentar minha mão no sol esperando a condução que, enfim, chegou.
São seis e quarenta da manhã, meu deus, mas arranco ânimo e digo: bom dia. Encontro recente, sabe como é, aquele foguinho em desbravar, olhar sem vício, reanimação pelo simples deslocamento. A novidade ainda é o máximo. Empacotada no edredom, não ouso palpitar se lá fora fazem catorze, trinta ou vinte e dois graus, mas o mais certo é que sejam vinte e dois ao me levantar, trinta ao virar o meio-dia e voilá! catorze cravados ali pelas sete da noite. Quase quatro estações num dia só, coisa de cidade megalomaníaca, cismada em ser multitudo até no clima.
Ainda na cama, pergunto pra qualquer entidade perdida se hoje o cinza paira sobre tudo ou se um certo azul pálido ilumina a cidade. Um semi-azul que às vezes quer botar banca de céu aberto, mas que nunca vai ser. Porque azul possível não há. No máximo um azul desmaiadinho, tipo pale blue eyes, que até cai bem na pálida São Paulo eletrizada por milhões de alminhas. Cordão febril em zigue-zague a driblar as horas, seres em série dando cada um sua cambalhota, seu pulo do dia, assim na raça, bem neon.
Alminhas frenéticas que atravessam ruas, estancam nos pontos de ônibus, se engarrafam pelas avenidas, correm pelas plataformas, se atiram catracas adiante. Tropeçadas almas em maratona eterna: o meu bom dia. Muita firmeza nessa hora. Que Santo Expedito conceda o toque da urgência na conquista de um território qualquer nesta terra babilônica. Ou não? Calma aí, calma aí. Também não é assim. Um café de coador, alguma coisa quente que amoleça os nervos dessa gente a sair pelo ladrão, pelos bueiros, buracos todos, frestas, descendo arranha-céus lençol abaixo, pedalando aos solavancos, pisando firme. Muita firmeza.
Um tão-perto-tão-longe entre os que deslizam enlatados pelos trilhos subterrâneos, inevitavelmente encoxados uns aos outros, bafo na nuca e esbarrões, quentchura humana e silêncio. Próximos demais pra tentar qualquer entendimento, muitos dialetos pra arriscar uma prosa. Guetos e sotaques na linha vermelha versus xeno-ironia camuflada na verde-bandeira >> destino madalênico. "Não ultrapasse a linha do sorriso amarelo". Ah, ultrapasso sim. Quero mais é me jogar com muita purpurina e alguma harmonia, seguir um cachorro louco sem rumo, chorar um pouquinho no banho, quentar minha mão no sol esperando a condução que, enfim, chegou.
Bom dia, que estamos só começando.
4 comentários:
bom dia maria
já ia te escrever um email, mas passei aqui antes e deixei pra boa tarde.
quentei alguma coisa aqui.
seu texto me fez pensar em microclimas, afeiçoes atmosfericas, que quem sabe o cao nao era o guarda chuva de alguem depois te ler levado uma rajada de vento de purpurina taticas pra microclimas
e dona penhoca, ganhou o título do nome mais legal como distinto, depois de tarso
¡¡¡¡¡¡¡¡
bjoca, respondi antes da(o) jojô!
xoxo
:)
Tenho medo de SP. Dito!
ô jequeza, meu deus!
Beijos
mariiiia, fazia tempo q nao vinha aqui e bateu uma saudade de tu vim ver um pouco aqui.
cidade frenetica, eita meu deus, que delicia que vc reserva essas olhadinhas desalinhadas e sutis a dureza megametropolitana.
saudades de uma coisa sua ja qse tao longe
bj!
ph
si, eu tô curiosa pra nossa sessão purpurina. chego já em bh e aí quero papear com a senhorita sobre microclimas, nomes sonoros e tudo mais.
lucas, meu anjo, eu e letícia tamo aqui armando uma divulgação de trombone pra vc tocar muito por aí, viu? aguarde e confie!
póli, póli! que bom que vc veio, saudades suas tbm. bh no natal, né?
quero muito cafuné trocado!
bjos pra vcs e cariño
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