pequenência
A primeira cena é a casa toda se movimentando em torno de cestas preenchidas com muita comida, guardanapos, jornais e revistas, biscoitos doces e o inseparável pacote de cigarros da minha vó. Como não tenho tamanho nem força pra oferecer alguma ajuda, o que me resta é assistir ansiosa `aquele prelúdio de mais um fim de semana no sítio. Perninhas balançando na cadeira, sigo com o olho. Até que tudo esteja no lugar e cada um faça seu último xixi antes de entrar no carro, leva ainda um tempo, mas é boa a promessa de verde, então não me amolo.
Vai meu avô na frente, grande, imbatível, com bermudas e sandálias de couro porque é sábado - e só nos sábados ele não está todo de branco. No seu ritmo de monarca, do lado está minha vó, um pouco preguiçosa com toda a função, mas sem perder a elegância, jamais. No passat marron entupido com as cestas e com um grande isopor que carrega os gelados, a gente atravessa a saída da cidade pra chegar na estrada mais sinuosa que já inventaram. O caminho é pra Macacos. De nada adianta olhar fixamente o centro da estrada como minha mãe teima em ensinar; o estômago embrulha, mas também desembrulha de repente, assim que o carro se enfia no portão vermelho. É porque chegamos.
Som da roda do carro sobre a brita que cobre a entrada e logo invadimos a casa, geladinha como nenhuma outra casa pode ser. Esvazia as cestas, enche a frigidaire, faz um cafezinho, coloca os travesseiros no sol, pendura as redes – não esquece o balanço – o sítio é grama, planta e água. E minha vó agora é um chapéu de abas enormes que anda pra todo lado com ferramentinhas pra cuidar das flores. Não custa, meu vô desce pra horta, chupa uma laranja, me oferece outra, volta com couve, taioba, chuchu e jabuticabas aos milhares, se regala. É um anjo em casa.
Nostalgia, aqui.
Vai meu avô na frente, grande, imbatível, com bermudas e sandálias de couro porque é sábado - e só nos sábados ele não está todo de branco. No seu ritmo de monarca, do lado está minha vó, um pouco preguiçosa com toda a função, mas sem perder a elegância, jamais. No passat marron entupido com as cestas e com um grande isopor que carrega os gelados, a gente atravessa a saída da cidade pra chegar na estrada mais sinuosa que já inventaram. O caminho é pra Macacos. De nada adianta olhar fixamente o centro da estrada como minha mãe teima em ensinar; o estômago embrulha, mas também desembrulha de repente, assim que o carro se enfia no portão vermelho. É porque chegamos.
Som da roda do carro sobre a brita que cobre a entrada e logo invadimos a casa, geladinha como nenhuma outra casa pode ser. Esvazia as cestas, enche a frigidaire, faz um cafezinho, coloca os travesseiros no sol, pendura as redes – não esquece o balanço – o sítio é grama, planta e água. E minha vó agora é um chapéu de abas enormes que anda pra todo lado com ferramentinhas pra cuidar das flores. Não custa, meu vô desce pra horta, chupa uma laranja, me oferece outra, volta com couve, taioba, chuchu e jabuticabas aos milhares, se regala. É um anjo em casa.
Nostalgia, aqui.
7 comentários:
ei...parece que eu já vivi essa cena em algum momento do meu passado.
Claro, trocando um pouco os personagens. Tem um pouco aquela cor desgastada das fotografias antigas, com bordas arredondadas.
ah, lembro tb dos espinhos no pé(eu insistia em andar descalso).
Nostalgia.
[d. ayer]
tem gosto de infância lá naquela cidade que você já sabe.
Dá saudade.
Nostalgia é saudade um pouquinho mais triste?
Beijo
Lucas
bonita vc!
viagens com avós na infancia. o resto é bobagem!
:]
nian
Até eu senti saudades, mesmo tendo só o ultimo suspiro daquele lugar. Ah, obrigada pelas doces e carinhosas palavras no meu blog. bjos.
bravo, maria!
saudade desse tempo que demorava passar..
Ai que texto mais gostoso... e eu nem sabia que vc tinha blog! Vou te linkar tb. Um beijo,
Luiza Favoritos
Postar um comentário