sexta-feira, junho 25, 2004

Pros lados lá de não sei onde, mas bandas afastadas mesmo daqui, que nem direção pra elas eu saberia inventar, vive Ivânia. O motivo ainda me é obscuro, mas o que soube e me ensimesmou foi que essa mulher não conseguia ter seu nome compreendido ou pronunciado naquele distante lugar em que havia sido cuspida certa vez do ventre de sua gorda mãe.

Ivânia escapuliu à Terra já marcada com o nome ininteligível aos demais: as letras vieram desenhadas na pele que cobria o ossinho do seu tornozelo direito e causaram surpresa generalizada naquele lugar do sem fim.

Muitos julgavam ser aquela uma criatura iluminada. Com muitas discussões e calores, o povoado decidiu pela invenção de um outro nome para a criança e dessa forma Ivânia recebeu sem maiores questionamentos a alcunha da singeleza.

A saber, passou a ser chamada de Papoula Roxa.

O espanto inicial foi superado e a marca no tornozelo tornou-se objeto de fetiche. Para ela, o entendimento passou por outras linhas. Tendo sido agraciada por apelido assim tão dócil, retribuiu ao mundo aceitando de bom grado todo tipo de loucura alheia e intuiu que seu caminho não poderia ser outro que dissecar de forma ainda mais diligente a sua própria insensatez de papoula destinada.

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