"Amizade é matéria de salvação"
(Clarice L.)
Aurora
(Rimbaud)
Abracei a aurora de verão.
Nada se movia ainda na fachada dos palácios.
A água estava morta.
Os campos de sombras não deixavam o caminho do bosque.
Andei, acordando os hálitos vívidos e tépidos,
e as pedras preciosas olharam,
e as asas se levantaram sem barulho.
O primeiro empreendimento
foi num atalho cheio de brilhos novos
e pálidos.
Uma flor que me disse o nome.
Sorri à loura cascata que descia desgrenhada através dos
pinheiros:
No cimo prateado, reconheci a deusa.
Então levantei os véus,
um a um.
Na alameda, agitando os braços pela planície a fora,
onde a denunciei ao galo.
Na grande cidade,
ela fugia entre os campanários e cúpulas
e correndo como um mendigo sobre os cais de mármore, eu a perseguia.
No alto da estrada,
perto de um bosque de louros
eu a envolvi com seus véus amontoados,
e senti um pouco seu imenso corpo.
A aurora e a criança tombaram na orla do bosque.
Quando acordei,
era meio-dia.
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